terça-feira, 11 de setembro de 2012

[PB55] Metáforas naturalistas nas ciências sociais: os casos da economia e da geografia

XIII Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia
[03-06 Set. 2012, USP, São Paulo, Anais, 15f. - segundo-autor: Glória M. Vargas, GEA/UnB]
ENSAIO A PROPÓSITO DA APROXIMAÇÃO METODOLÓGICA (CONCEITUAL E/OU TÉCNICA) COM AS CIÊNCIAS NATURAIS, A PARTIR DOS SÉCULOS XVIII E XIX - MAS COM SINAIS LONGEVOS TAMBÉM NO XX. NESTA COMUNICAÇÃO, SUSTENTAMOS QUE A TRANSPOSIÇÃO DE MODELOS NATURALISTAS PARA AS CIÊNCIAS SOCIAIS OU NÃO FOI DURADOURA (CASO DA GEOGRAFIA), OU NÃO FOI IMPETUOSA (CASO DA ECONOMIA). ADEMAIS, AQUELA APROXIMAÇÃO NÃO É VISTA POR NÓS COMO UM EPISÓDIO REPROVÁVEL; AO CONTRÁRIO, SUGERIMOS QUE O LAMENTÁVEL É QUE ELA NÃO TENHA PREVISTO A INCORPORAÇÃO DE MODELOS NATURALISTA À ÉPOCA JÁ MAIS ARROJADOS E CONTEMPLANDO DINÂMICAS IRREGULARES - PORTANTO, MAIS ADEQUADAS À COMPLEXIDADE DOS PROCESSOS ECONÔMICOS E AMBIENTAIS.
[extrato: "Existem, a nosso juízo, duas explicações possíveis (e, por sinal, não excludentes) para o embaraço em especial do geógrafo, diante dos protótipos teóricos mais abstratos: formação deficiente e difusão de uma geografia social antipositivista. Alimentando-se uma da outra, estas razões vêm a obstaculizar todo empreendimento que anteveja na jurisdição das modernas CN’s boas trilhas a seguir. Neste sentido, constatações revividas ao longo dos anos 1970 – de que, primeiro, as interpretações naturalistas em geopolítica haviam ajudado a tornar a Geografia uma ciência servil a ideologias de dominação, e que, segundo, a New Geography seria um novo golpe da razão capitalista no desígnio de fazer parecerem “naturais” os processos de hierarquização regional e mundial –, terminaram impossibilitando, e mesmo censurando, um contínuo acompanhamento da sofisticação teórica junto às CN’s. Por isso, restou na Geografia a impressão (por fim, equivocada) de que modelos naturalistas seriam todos fatalmente reducionistas e determinísticos – o que, então, tornava proibitivos os ensaios de transposição. Ou seja, o temor do positivismo vendou os olhos do geógrafo para a modernização ocorrida nos protótipos teóricos naturalistas. E apesar das tímidas e pontuais ocorrências de recurso à linguagem sistêmica (verificadas em alguns pesquisadores teorético-quantitativistas mais audaciosos – inclusive brasileiros), os empreendimentos só puderam redundar limitados. Seja pelo pouco fôlego dispensado em contínuos estudos aplicados, seja pela interpretação nem sempre fidedigna das estruturas teóricas" (p. 12-13, grifo nosso)]
LINK: http://www.sbhc.org.br/resources/anais/10/1342384612_ARQUIVO_ReisJr&Vargas_Completo_.pdf
D.O.I.: 10.13140/2.1.5158.4806

[PB54] A nova geografia física bertrandiana (é possível tornar humanístico um fisiógrafo?)

Revista GeoNorte (Manaus)
[volume 3, número 7, p. 34-46, 2012]
VERSÃO TEXTUAL DE CONFERÊNCIA PROFERIDA NO "VII SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO E III IBERO-AMERICANO DE GEOGRAFIA FÍSICA" (MANAUS, 11-16JUN.), EM MESA INTITULADA "EPISTEMOLOGIA EM GEOGRAFIA FÍSICA". TRATA-SE DA DIVULGAÇÃO DO ESTADO ATUAL DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO DE GEORGES BERTRAND, O QUAL NOS PERMITE TRAÇAR UMA GENEALOGIA DO TIPO "GEOSSISTEMA>GTP>SPT" (EM QUE O "SPT", "SYSTÈME PAYSAGER TERRITORIALISÉ" FIGURA COMO, APARENTEMENTE, O MODELO SUCESSOR DA PROPOSTA TRIPOLAR DE 1991). O TEXTO TAMBÉM VEICULA DOIS DOCUMENTOS DE TRADUÇÃO INÉDITA EM LÍNGUA PORTUGUESA: A CARTA QUE ANDRÉ CHOLLEY (1886-1968) ENDEREÇOU A BERTRAND, CRITICANDO O TEOR "SISTEMISTA" DO ARTIGO QUE LOGO SERIA EDITADO (1968); E O CONTO "O VÔO DA POMBA" ("L'ENVOL DE LA COLOMBE"), ESCRITO POR BERTRAND, E QUE, EM TOM METAFÓRICO, FALA DA NECESSIDADE DE UMA PAISAGEM "MAIS PROFUNDA". NO ENCERRAMENTO DO TEXTO, NOTICIAMOS O RECENTE ENCONTRO DE BERTRAND COM ARMAND FRÉMONT - ENCONTRO QUE PODE RESULTAR, PROXIMAMENTE, NUM ARTIGO A QUATRO MÃOS, EMPREENDENDO O QUE, POR FORÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS, NÃO FOI POSSÍVEL NOS ANOS SETENTA: UMA MISCIGENAÇÃO ENTRE "GEOSSISTEMA" E "ESPAÇO VIVIDO".
[extrato: "Mais enciclopédicos, os saberes com os quais o geógrafo biofísico operaria o levariam, agora realmente, àquela 'globalidade' ansiada em 68. Pois que de volta ao cerne de seus argumentos, a paisagem em sua versão mais recente obtivera uma outra espessura, se a compararmos ao paysage clássico. 'Espessura' resultante da supressão de uma camada que se lhe incrustou com o tempo (a da estetização excessiva) e, consequentemente, do realce ou acréscimo de certas três novas camadas: o aproveitamento da Ecologia Científica (que, em outros termos, significa para Bertrand a 'renaturalização' de P); a habilitação a um juízo planificador (que, por sua vez, significa converter P – via ganho de dimensão territorial –, de mera noção, em instrumento propriamente conceitual ... útil, pois, a projetos de intervenção); e a consideração da perspectiva dos imaginários culturais (entendidos como influenciados pela ordem natural configuradora dos lugares e, portanto, relevantes aos projetos políticos de intermediação)." (p. 38)]
LINK: http://www.periodicos.ufam.edu.br/revista-geonorte/article/view/1900